
Olá, pessoas! Tudo bem com vocês? Espero que sim. Como previsto nas últimas semanas, houve uma escalada no conflito no Oriente Médio, segundo fontes.
Na madrugada de 22 de junho de 2025 (horário local do Irã), os Estados Unidos lançaram uma operação militar de grande escala contra três dos principais complexos nucleares iranianos. A operação – codinome “Midnight Hammer” – envolveu bombardeiros furtivos B-2 Spirit da Força Aérea dos EUA, equipados com bombas antibunker GBU-57 de 13 toneladas, além de mísseis de cruzeiro Tomahawk disparados de navios na região.
O objetivo declarado pelo presidente Donald Trump foi destruir as instalações nucleares do Irã e impedir Teerã de desenvolver armas atômicas, inserindo os EUA diretamente no conflito que já durava uma semana entre Israel e Irã. Trump classificou o ataque como uma ação defensiva para proteger os EUA e aliados, afirmando: “Ou haverá paz ou haverá tragédia para o Irã”, sinalizando que continuaria com ataques precisos caso Teerã não recuasse.
Os alvos bombardeados incluíram as usinas de enriquecimento nuclear de Fordow, Natanz e um complexo nuclear na região de Isfahan (Esfahan). Essas instalações eram consideradas cruciais no programa nuclear iraniano – Fordow, em particular, fica enterrada sob uma montanha próxima à cidade sagrada de Qom e era vista como praticamente impenetrável sem armamento especial. Por isso, o Pentágono empregou pela primeira vez as chamadas “bunker busters” GBU-57, projetadas para perfurar concreto e rocha a grande profundidade antes de explodir.
Cada bomba MOP pesa cerca de 13,6 toneladas e só pode ser lançada pelos bombardeiros B-2, que decolaram diretamente dos EUA para a missão. De acordo com fontes militares, entre 5 e 6 bombas antibunker foram lançadas sobre os bunkers nucleares, bem acima das estimativas iniciais de apenas duas – indicando a intenção de garantir a destruição completa dos alvos subterrâneos. Além disso, cerca de 30 mísseis Tomahawk atingiram outras infraestruturas dos complexos nucleares, como Natanz e Isfahan.
Imagens de satélite mostraram sinais claros do ataque em Fordow. O complexo de Fordow – construído secretamente e revelado em 2009 – era considerado uma das instalações nucleares mais fortificadas do planeta, enterrada sob dezenas de metros de rocha. Relatos iniciais da inteligência americana indicam que Fordow foi “completamente destruído”, segundo fontes citadas pela Fox News e confirmadas por um tuíte do próprio presidente Trump, que escreveu que “Fordow desapareceu”.
Em comunicado nas redes sociais, Trump anunciou o “sucesso total” da operação, declarando: “Concluímos nosso ataque muito bem-sucedido às três instalações nucleares do Irã… Uma carga completa de bombas foi lançada no local principal, Fordow. Todos os aviões estão a caminho de casa em segurança”. Trump parabenizou as Forças Armadas americanas e encerrou dizendo que “agora é a hora da paz”, sugerindo que esperava que o Irã cessasse quaisquer ambições nucleares restantes após a demonstração de força.
Efeitos Iniciais: Danos e Vítimas Confirmadas
Os efeitos imediatos do ataque ainda estão sendo avaliados, mas autoridades americanas afirmam que o programa nuclear iraniano foi severamente atingido. Segundo o Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, a operação foi executada de forma “perfeita” e “obliterou” a capacidade nuclear do Irã. Fontes do Pentágono indicam que as explosões destruíram centros vitais de comando e infraestrutura nas instalações atingidas. Em pronunciamento televisionado horas após o ataque, Trump afirmou que os bombardeios “destruíram totalmente” os três alvos e advertiu que novas ações militares poderiam ocorrer se o Irã não buscar a paz.
Por outro lado, o governo iraniano contestou essas alegações e procurou minimizar os danos sofridos. A mídia estatal iraniana (agência IRNA e rede estatal de TV) confirmou que Fordow, Natanz e Isfahan foram atacados, mas alegou que não houve danos significativos nas instalações. Autoridades iranianas afirmam que os locais teriam sido evacuados previamente e não continham material radioativo no momento do bombardeio, insinuando que urânio enriquecido e outros componentes sensíveis foram removidos de antemão. De fato, um comunicado da Organização de Energia Atômica do Irã garantiu à população que “não permitiremos que o desenvolvimento desta indústria nacional… seja interrompido”, sugerindo que o programa nuclear continuará apesar dos ataques.
Conforme nota do Ministério das Relações Exteriores do Irã divulgada na manhã do dia 22, “a instalação nuclear de Fordow não sofreu danos significativos, e não há registro de mortes até o momento”. Parlamentares iranianos da região de Qom (onde fica Fordow) qualificaram os ataques como “bastante superficiais”, afirmando que “ao contrário das alegações do presidente dos EUA, Fordow não foi seriamente danificada” e que as poucas áreas afetadas eram partes acima do solo, facilmente restauráveis. Esses representantes também ressaltaram que nenhuma radiação nuclear foi detectada e que não houve vítimas fatais conhecidas em Fordow – possivelmente devido à evacuação prévia do local. Até o momento, o Irã não divulgou números oficiais de mortos ou feridos nos bombardeios americanos, indicando apenas que os protocolos de segurança evitaram um desastre maior. Observadores internacionais não puderam verificar de forma independente essas afirmações no curto prazo, mas imagens de satélite e análises de inteligência ocidentais corroboram graves danos estruturais em Fordow e Natanz, apesar de ainda não se saber o estado completo do subterrâneo dessas usinas.
Em resumo, há uma disparidade nas versões: os EUA sustentam ter aniquilado as principais bases do projeto nuclear iraniano, enquanto Teerã sustenta que sofreu apenas danos limitados e contornáveis, sem perda de vidas nas instalações. Essa divergência é comum em conflitos – cada lado busca controlar a narrativa. Analistas avaliam que mesmo que partes do programa nuclear iraniano sobrevivam ou possam ser reconstruídas, os bombardeios certamente representaram um duro golpe logístico e simbólico para Teerã, atingindo instalações desenvolvidas ao longo de décadas.
Resposta Imediata do Irã
A reação iraniana foi rápida. Horas após os ataques dos EUA, por volta da manhã de domingo (22/06), o Irã lançou ondas de mísseis balísticos contra alvos em Israel, marcando uma retaliação direta. Três regiões israelenses – incluindo a área costeira de Tel Aviv – foram atingidas por volta das 7h30 (horário local de Israel), causando destruição e pânico. Pelo menos 23 pessoas ficaram feridas nesses bombardeios, duas em estado moderado e as demais com ferimentos leves, de acordo com os serviços de resgate israelenses. Vários prédios residenciais em Tel Aviv (notadamente no bairro de Ramat Aviv) e em outras cidades, como Haifa ao norte e Ness Ziona ao sul, sofreram danos significativos – fachadas perfuradas e estruturas colapsadas – evidenciando o alcance da represália iraniana. Sirenes de ataque aéreo soaram por todo o território israelense enquanto os sistemas de defesa (como o Domo de Ferro) entravam em ação, conseguindo interceptar mais de 450 mísseis e cerca de 1.000 drones lançados pelo Irã ao longo do conflito até então. Ainda assim, destroços de foguetes atingiram áreas urbanas: pelo menos 50 impactos de projéteis iranianos foram contabilizados em Israel desde o início da guerra em 13 de junho, resultando em 25 mortos do lado israelense até a manhã de 22/06.
Politicamente, o discurso oficial iraniano endureceu. O chanceler iraniano Abbas Araghchi declarou que os EUA “cruzaram uma linha vermelha muito grande” ao bombardear instalações nucleares, qualificando os ataques como grave violação da Carta da ONU e do direito internacional. Araghchi anunciou que Teerã acionou o Conselho de Segurança da ONU para uma reunião de emergência e fez um apelo à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para condenar formalmente o bombardeio. Em comunicado posterior nas redes sociais, o chanceler alertou que os eventos daquela manhã seriam “ultrajantes e terão consequências duradouras”, enfatizando que o Irã “reserva todas as opções” para defender sua soberania e retaliar a agressão. O Ministério das Relações Exteriores iraniano classificou a ação americana como o início de uma “guerra perigosa”, responsabilizando totalmente o “governo belicista e ilegal dos EUA” pelas consequências futuras. Teerã acusou Washington de “trair a diplomacia” – já que até então havia esforços diplomáticos em andamento – e afirmou ter o direito de se defender com força total contra essa agressão.
Como parte de sua resposta diplomática e estratégica, o Irã também buscou apoio de aliados-chave. O chanceler Araghchi viajou a Moscou para se reunir com o presidente russo Vladimir Putin, numa tentativa de conseguir respaldo político e talvez militar limitado da Rússia frente à intervenção americana. O governo iraniano fez questão de lembrar que seu programa nuclear era considerado pacífico e que o país estava “no meio de uma negociação com os Estados Unidos” para garantir conformidade com o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) antes da escalada do conflito. Agora, após os bombardeios, autoridades iranianas indicam que essas vias diplomáticas estão totalmente comprometidas. De fato, o Irã já vinha sinalizando que poderia abandonar o TNP: dias antes, o porta-voz do governo mencionou que o Parlamento prepara uma lei para retirar o país do tratado, em resposta aos ataques israelenses e americanos. Essa possível retirada do TNP – acordo pelo qual o Irã se compromete a não buscar armas nucleares – mostra a gravidade da crise. Teerã insiste que “continua se opondo ao desenvolvimento de armas nucleares”, referindo-se até a uma fatwa religiosa que proíbe armamentos atômicos. Contudo, a quebra dos compromissos internacionais está sendo considerada como forma de pressão e retaliação: “À luz dos acontecimentos recentes, tomaremos uma decisão apropriada”, disse o porta-voz iraniano, indicando que todas as cartas estão na mesa.
Em suma, a reação do Irã combinou ação militar imediata – focada em Israel, aliado dos EUA – com condenação veemente e passos diplomáticos para isolar Washington e legitimar uma contraofensiva. Teerã busca projetar a imagem de que não se curvará: mesmo após perder instalações estratégicas, retaliou contra cidades israelenses e elevou a retórica nacionalista. Internamente, esse confronto aberto com os EUA serviu para unir diferentes facções políticas iranianas em torno da defesa nacional, pelo menos num primeiro momento. Porém, o regime também enfrenta o desafio de não escalar a guerra a ponto de provocar uma destruição ainda maior, mantendo um delicado equilíbrio entre mostrar força e evitar o colapso total diante da esmagadora superioridade militar americana.
Reações Internacionais
A entrada direta dos EUA no conflito Irã-Israel provocou reações diversas ao redor do mundo, indo do apoio entusiástico de aliados à preocupação e críticas de outras nações.
Israel, principal beneficiário da ofensiva, celebrou abertamente a ação americana. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que vinha pressionando por intervenção dos EUA, elogiou Donald Trump por sua “decisão ousada” de atacar as instalações nucleares iranianas. Netanyahu afirmou neste domingo (22) que o ato de Trump “mudará a história”, negando ao “regime mais perigoso do mundo as armas mais perigosas do mundo”. Em seu pronunciamento de agradecimento, o premiê israelense disse que esse era um ponto de virada histórico na segurança do Oriente Médio, ecoando a visão de que apenas a força poderia deter o Irã. Ele ressaltou que “a história lembrará que o presidente Trump agiu” quando outros hesitavam. Autoridades em Tel Aviv indicaram que a cooperação com Washington se aprofundou nas últimas horas, embora Israel afirme não ter participado diretamente do ataque aéreo americano. Vale notar que Israel já estava em guerra com o Irã há mais de uma semana – tendo iniciado uma campanha de bombardeios em 13 de junho – e considerou a ação dos EUA como o reforço decisivo para “negar ao Irã a bomba nuclear” de forma definitiva.
Temendo ações de milícias pró-Irã, e esse temor só aumenta após a ofensiva. Analistas apontam que, se o Irã matar militares americanos em retaliação, ou atingir diretamente alvos dos EUA, Trump poderia responder com força ainda maior, consolidando uma guerra aberta. Por outro lado, Teerã pode calcular que um confronto frontal com os EUA seria desastroso e talvez opte por respostas assimétricas e indiretas.
Ação de grupos aliados ao Irã (guerras por procuração): É altamente provável que o Irã ative sua rede de proxies regionais para pressionar os EUA e seus aliados, evitando confronto direto. Milícias xiitas no Iraque e Síria (como Kataib Hezbollah e outros grupos sob a égide das Forças de Mobilização Popular) podem atacar bases americanas com foguetes, algo que já ocorreu episodicamente e pode se intensificar. No Líbano, o Hezbollah – tradicional aliado iraniano – permanece em alerta; porém, até o momento, não ingressou ativamente no conflito. Uma fonte do Hezbollah indicou à imprensa que seria uma “decisão muito ruim” o grupo abrir uma frente própria contra Israel, a não ser que o Líbano fosse diretamente ameaçado. Ainda assim, se a guerra escalar, existe o risco de o Hezbollah se envolver, especialmente se o conflito se alongar ou se suas bases logísticas (por exemplo, comboios de armas iranianas via Síria) forem atacadas. No Iêmen, os rebeldes Houthi (também apoiados pelo Irã) já demonstraram solidariedade – houve protestos queimando bandeiras americanas e israelenses, segundo relatos – e podem tentar lançar mísseis contra alvos sauditas ou navios internacionais no Mar Vermelho, ampliando o teatro de operações. O Hamas na Faixa de Gaza, fragilizado após conflitos recentes, dificilmente entraria agora, mas a retórica de “frente unida” contra Israel pode incitar ataques isolados de facções radicais. Esses conflitos por procuração aumentariam a pressão sobre Israel e parceiros dos EUA, tornando o cenário regional ainda mais volátil.
Segurança do Golfo e petróleo: Um dos desdobramentos mais imediatos observados é o impacto econômico e estratégico no mercado de petróleo. O Golfo Pérsico responde por cerca de um terço da produção global de petróleo, e o Estreito de Ormuz é a artéria pela qual cerca de 20% do petróleo mundial trafega diariamente. Com a escalada, investidores já antecipam altas expressivas no preço do barril. Os contratos futuros de Brent subiram cerca de 11% desde o início da guerra Israel-Irã em 13 de junho e devem subir ainda mais após a intervenção dos EUA. Analistas da MST Marquee projetam que, dependendo da resposta iraniana, o petróleo pode ultrapassar US$ 100 por barril em breve. Isso aconteceria especialmente se Teerã tentar cumprir ameaças previamente feitas, como assediar ou bloquear o Estreito de Ormuz ou atacar infraestrutura petrolífera de países vizinhos aos EUA (por exemplo, campos de petróleo no Iraque ou refinarias sauditas). A Marinha americana provavelmente reforçará sua presença na região para garantir a liberdade de navegação e manter o estreito aberto, mas ataques iranianos com minas navais, lanchas rápidas ou mísseis anti-navio não podem ser descartados. Na prática, já se observam fretes de navios petroleiros disparando (+90% no custo de envio do Golfo para a China) e prêmios de seguro subindo devido ao risco de conflito naval. Se o fornecimento global for efetivamente interrompido, o mundo enfrentaria não só alta de combustíveis e inflação (contrariando os esforços de Trump de manter preços baixos), mas até a ameaça de recessão em caso de choque prolongado de oferta. Por outro lado, se for evitada uma conflagração maior e Ormuz permanecer funcional, há chance de estabilização dos preços em algumas semanas. Tudo depende do próximo passo de Teerã: Saul Kavonic, analista de energia, resume que “muito depende de como o Irã responderá nas próximas horas e dias”.
Impacto sobre acordos nucleares e proliferação: O ataque praticamente sepultou quaisquer perspectivas de curto prazo de retomada do acordo nuclear (JCPOA) ou de entendimentos diplomáticos sobre o programa iraniano. Antes da guerra, ainda havia negociações indiretas ocorrendo para limitar o enriquecimento do Irã em troca de algum alívio de sanções, no contexto do TNP. Agora, porém, o Irã deixou claro que não retornará à mesa nessas condições. Autoridades iranianas cancelaram encontros técnicos com a AIEA que estavam agendados e, como mencionado, caminham para sair do Tratado de Não Proliferação Nuclear – uma decisão extrema que significaria que Teerã se veria livre das inspeções internacionais e das últimas amarras legais para eventualmente buscar uma arma nuclear. Analistas do Middle East Institute apontam que, ao atacar as instalações nucleares “pacíficas” do Irã, os EUA podem ter eliminado a via diplomática moderada e incentivado facções iranianas a defenderem abertamente a fabricação da bomba atômica como garantia de sobrevivência do regime. Há até cenários, considerados de alto risco, em que o Irã poderia anunciar um rompimento total das restrições e acelerar seu programa nuclear clandestinamente – ou até ameaçar um teste nuclear caso consiga desenvolver um dispositivo rudimentar, algo que quebraria um tabu desde a Segunda Guerra. Em resumo, os ataques dos EUA comprometeram os instrumentos de não proliferação: nos próximos dias, espera-se que o Conselho de Governadores da AIEA realize reunião de emergência, mas com o Irã já denunciando a agência como “cúmplice” por não evitar a agressão, a cooperação tende a ruir. Esse retrocesso diplomático pode inspirar outros países a reavaliar seus compromissos nucleares caso se sintam ameaçados (por exemplo, a Coreia do Norte certamente usará o caso iraniano para justificar seu armamento).
Situação política interna do Irã: A continuidade e intensidade do conflito nos próximos dias também influenciarão a estabilidade interna do regime iraniano. Há especulações de que o governo teocrático dos aiatolás, já enfraquecido por protestos populares nos últimos anos, enfrente uma crise de sobrevivência. Alguns estrategistas em Washington e Tel Aviv parecem contar com isso: o general reformado dos EUA Kenneth McKenzie Jr. declarou que a “troca de regime está na mesa” após os sucessos militares iniciais. A própria liderança israelense sugeriu que a pressão extrema poderia levar ao colapso do governo iraniano – Netanyahu disse que “uma queda do atual governo iraniano poderia certamente ser um resultado”, dada a fraqueza do regime, e membros de seu gabinete até incitaram a população iraniana a se revoltar nesse momento de caos. De fato, nos primeiros dias da campanha israelense (antes da entrada dos EUA), ataques precisos eliminaram vários comandantes da Guarda Revolucionária e destruíram centrais de comando e até a sede da TV estatal iraniana, prejudicando a capacidade do regime de coordenar respostas e de controlar a narrativa. Isso, na visão de alguns analistas, poderia desencadear fissuras dentro do establishment iraniano – talvez divisões entre linha-dura e moderados, ou desmoralização das forças armadas. Porém, outros especialistas advertem que uma mudança de regime forçada poderia resultar em caos ainda maior. Alan Eyre, ex-diplomata dos EUA e especialista em Irã, pondera que “não há uma alternativa viável pronta para substituir o regime atual” e que derrubá-lo sem um plano de transição seria receita para instabilidade tipo Iraque ou Afeganistão. Um Irã fragmentado ou em guerra civil abriria espaço para senhores da guerra e grupos extremistas, repetindo tragédias que se seguiram à remoção de regimes em 2003 e 2011. Portanto, observando os próximos dias, será crucial ver se surgem sinais de colapso político em Teerã – como deserções de figuras importantes, protestos internos ou disputas de sucessão (o aiatolá Ali Khamenei, Líder Supremo, tem 86 anos e estaria abrigado em um bunker, segundo reportagens) – ou se, ao contrário, o ataque externo acaba solidificando temporariamente o nacionalismo iraniano, dando fôlego ao regime para reprimir dissidências sob a justificativa da agressão estrangeira.
Movimentações diplomáticas e busca de mediação: Apesar do cenário sombrio, alguns esforços diplomáticos emergenciais podem ganhar tração nos próximos dias. Líderes de países tradicionalmente neutros ou com bom trânsito entre os lados – Suíça (que representa os interesses dos EUA em Teerã), Omã e Catar – podem tentar mediar uma trégua ou ao menos regras de engajamento mais limitadas. É possível que emissários internacionais proponham, por exemplo, um cessar-fogo temporário para permitir avaliações de danos nucleares e evitar um desastre radiológico, ou para retomada de negociações indiretas. A recente normalização de relações entre Arábia Saudita e Irã (mediada pela China em 2023) mostrou que o Irã está aberto a arranjos diplomáticos pragmáticos – mas a entrada dos EUA em guerra direta dificulta muito qualquer diálogo imediato. Ainda assim, diplomatas europeus devem articular nos bastidores alguma oferta para desescalar: um cenário discutido seria o Irã suspender quaisquer planos de vingança contra alvos americanos, em troca de os EUA não prosseguirem com novos bombardeios além das instalações já atingidas. Isso poderia envolver garantias de que Israel também cessaria seus ataques se o Irã interromper o lançamento de mísseis. Uma complicação é a desconfiança absoluta instalada – o Irã afirma que “os EUA traíram a diplomacia”, então qualquer proposta exigiria forte engajamento de potências como Rússia ou China para dar garantias a Teerã. Nos próximos dias, fica de olho também a atuação do Conselho de Segurança da ONU: ainda que os vetos mútuos travem resoluções, um encontro de emergência servirá de palco para negociações indiretas entre EUA e Irã através de intermediários. Economicamente, potências asiáticas importadoras de petróleo (China, Índia, Japão) devem pressionar por uma solução rápida para evitar turbulências prolongadas nos mercados de energia. Isso pode resultar em iniciativas de negociação paralelas, como uma comissão internacional para monitorar a situação nuclear do Irã pós-ataque, ou até um acordo informal em que o Irã se compromete a não retaliar fora do teatro israelense se os EUA não voltarem a atacá-lo diretamente.
Impactos na população civil e crise humanitária: Especialistas humanitários da ONU já alertam para as consequências sobre civis. No Irã, os bombardeios generalizados israelenses e agora o ataque americano nas últimas 24 horas já deslocaram milhares de pessoas – há registros de fuga em massa de residentes de Teerã e de cidades próximas a instalações militares, buscando refúgio em áreas rurais ou países vizinhos. O ACNUR (agência da ONU para refugiados) estima que, embora ainda não haja uma crise de refugiados internacional de grande escala, a intensidade dos ataques já desencadeou movimentos populacionais internos significativos. Próximos dias podem ver um agravamento dessa situação caso os combates continuem. A infraestrutura civil iraniana (energia, comunicações, hospitais) também pode ficar comprometida se a guerra persistir, gerando apelos por auxílio humanitário. Em Israel, a população permanece sob a ameaça de foguetes; escolas e comércios em grande parte do país estão fechados, com as pessoas passando considerável tempo em abrigos antiaéreos. Embora Israel possua um robusto sistema de defesa civil, prolongar esse estado por semanas afetaria o moral e a economia. A ONU e ONGs podem tentar negociar “pausas humanitárias” caso certas áreas fiquem sem serviços básicos. Tudo isso dependerá do curso militar nos próximos dias.
Em síntese, o consenso entre analistas é que os dias seguintes ao ataque serão cruciais. O mundo assiste para ver se haverá contenção ou escalada: uma possibilidade é que o choque dos bombardeios force o Irã a recuar momentaneamente e reavaliar suas opções, eventualmente aceitando algum diálogo sob coerção; outra possibilidade é que, ferido e enfurecido, Teerã decida ampliar o conflito ainda que de forma assimétrica – desencadeando uma reação em cadeia na região. O que já está claro é que a segurança no Oriente Médio entrou em um período de extrema volatilidade. O equilíbrio geopolítico que existia até dias atrás foi abalado: acordos e protocolos que evitavam um confronto direto EUA-Irã foram rompidos, e os mecanismos internacionais de prevenção de conflito mostraram-se frágeis. Resta saber se a comunidade internacional conseguirá impor algum freio diplomático antes que se atinja um ponto de não-retorno rumo a uma guerra maior. Como disse o secretário-geral Guterres, “há um risco crescente de este conflito sair rapidamente do controle”, e os próximos passos de Washington e Teerã determinarão se essa profecia sombria se concretizará ou não.
Linha do Tempo dos Principais Eventos (desde o ataque em 22/06/2025)
21 de junho de 2025, 20h30 (Washington D.C.) – O presidente Donald Trump anuncia em pronunciamento televisionado que os EUA estão entrando no conflito ao lado de Israel e autorizou ataques contra instalações nucleares iranianas. Ele afirma que a operação é defensiva para impedir o Irã de obter armas nucleares, e adverte Teerã: “Ou haverá paz ou haverá tragédia”. Trump batiza a missão de “Midnight Hammer” e diz que agirá para “negar ao regime iraniano as armas mais perigosas do mundo”.
22 de junho de 2025, 00h00–02h00 (horário local do Irã) – Bombardeios aéreos massivos atingem três complexos nucleares no Irã. Bombardeiros B-2 Spirit da USAF, vindos da Base de Whiteman (EUA) via Oceano Pacífico, lançam pelo menos 5–6 bombas antibunker GBU-57 sobre o complexo de Fordow (próximo a Qom) e possivelmente Natanz, enquanto destróieres americanos no Golfo disparam cerca de 30 mísseis de cruzeiro Tomahawk contra instalações em Natanz e Isfahan. Explosões poderosas são registradas nessas localidades; sismógrafos na região captam tremores incomuns. Comunicações iranianas de/para as bases são interrompidas. Equipes de emergência iranianas correm aos locais, mas encontram entradas seladas pelos desabamentos. A população civil próxima, assustada, posta vídeos nas redes sociais de clarões no horizonte.
22 de junho de 2025, 04h00 (Teerã) – A TV estatal do Irã e a agência IRNA divulgam comunicados oficiais confirmando que “vários locais nucleares foram atacados por inimigos”. Sem mencionar explicitamente os EUA, o Irã informa que Fordow, Natanz e Isfahan foram alvos. O comunicado afirma que as instalações estavam desativadas no momento do ataque, sem material nuclear, e teriam sido evacuadas previamente, insinuando que o dano foi contido. Simultaneamente, o presidente iraniano faz um pronunciamento breve condenando a “agressão americana” e decretando estado de emergência militar no país.
22 de junho de 2025, 05h30 (Teerã) – O Ministério das Relações Exteriores do Irã emite nota oficial acusando os EUA de “iniciarem uma guerra perigosa”. Informa que Teerã convocou o Conselho de Segurança da ONU e o Conselho de Governadores da AIEA para reuniões urgentes, instando a comunidade internacional a condenar o ataque. Na mesma nota, autoridades iranianas declaram que Fordow não sofreu danos significativos e não há mortes registradas até o momento, buscando tranquilizar a população. Parlamentares iranianos próximos a Fordow classificam os danos como superficiais. Forças armadas iranianas são colocadas em alerta máximo; rumores indicam movimentação de baterias anti-aéreas e de unidades de mísseis balísticos para prontidão de resposta.
22 de junho de 2025, 07h30 (Tel Aviv) – Alarme anti-aéreo em todo o território de Israel. O Irã lança duas ondas maciças de mísseis balísticos contra Israel, em retaliação. Sirenes soam em Tel Aviv, Jerusalém, Haifa e outras cidades. As defesas israelenses interceptam muitos projéteis, mas cerca de alguns dezenas conseguem atingir áreas povoadas. Explosões são relatadas em Tel Aviv (bairro Ramat Aviv), Haifa (onde uma praça pública é atingida) e Ness Ziona. Prédios residenciais sofrem danos; 23 pessoas ficam feridas (2 moderadamente). Fragmentos de mísseis abatidos caem em diversos pontos; a polícia israelense e equipes de resgate respondem a mais de 50 locais de impacto ao redor do país. Esse é o ataque de maior alcance já lançado diretamente pelo Irã contra Israel na história recente. O governo israelense ordena todos os cidadãos a permanecerem em abrigos antiaéreos enquanto avalia os prejuízos.
22 de junho de 2025, 08h00 (Teerã) – O líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, em mensagem divulgada por áudio (gravada de local não revelado), condena os ataques americanos “criminosos” e clama por “resistência máxima” do povo iraniano. Khamenei afirma que “Deus está ao lado do Irã contra os agressores” e promete que os inimigos “se arrependerão de suas ações”. É a primeira manifestação de Khamenei desde o início da guerra; acredita-se que ele tenha se refugiado em um bunker militar, dada a ameaça à sua pessoa mencionada dias antes por Trump.
22 de junho de 2025, 09h00 (Jerusalém) – O primeiro-ministro Netanyahu faz discurso público, declarando que “esta manhã marca um momento histórico: os EUA e Israel, juntos, eliminaram a ameaça nuclear iraniana”. Ele agradece ao presidente Trump pela “parceria inabalável” e reitera que Israel “não permitirá jamais que o Irã tenha armas nucleares”, ecoando sua mensagem de uma década. Em Tel Aviv, embora danos materiais sejam grandes em alguns bairros, Netanyahu informa que as baixas civis israelenses têm sido limitadas graças aos sistemas de defesa. Ele pede à população que mantenha a calma e a resiliência.
22 de junho de 2025, 09h30 (Moscou) – O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, desembarca em Moscou e reúne-se com o ministro russo Serguei Lavrov. A Rússia, aliada do Irã, declara “profunda preocupação” e “condenação veemente” do ataque dos EUA. Em coletiva de imprensa conjunta, Lavrov critica a violação da soberania iraniana e sugere a criação de um “grupo de contato” internacional para mediar o cessar-fogo. Araghchi agradece o apoio russo e afirma que “todas as opções estão na mesa” para o Irã se defender. Rumores indicam que a Rússia pode acelerar entregas de equipamentos militares de defesa aérea ao Irã (como sistemas S-400) como medida de emergência.
22 de junho de 2025, 11h00 (Bruxelas) – A União Europeia emite declaração oficial sobre a crise. A Alta Representante da UE (Kaja Kallas) expressa alarme com a escalada e “lamenta profundamente” o ataque militar, embora reforce que “o programa nuclear do Irã representa uma séria ameaça” e que “não se deve permitir uma arma nuclear iraniana”. A UE convoca ambas as partes a cessarem hostilidades e agenda uma reunião extraordinária de ministros das Relações Exteriores para discutir medidas – possivelmente enviando um enviado especial ao Oriente Médio para dialogar com Irã e EUA.
22 de junho de 2025, 12h00 (Nova York) – Reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU é iniciada a portas fechadas. O secretário-geral Guterres participa brevemente e reforça seu alerta de que a situação “ameaça diretamente a paz e segurança internacional”. No Conselho, os EUA defendem sua ação citando o direito à defesa coletiva de Israel e a “ameaça inaceitável” do Irã nuclear. Já a China e a Rússia condenam a operação americana como agressão não provocada. O embaixador do Irã, convidado a falar, acusa os EUA de terrorismo de Estado e exige resolução condenatória. Ao término, não se alcança consenso em resolução formal – EUA, Reino Unido e França de um lado, Rússia e China de outro, se neutralizam mutuamente. Ainda assim, diplomatas sugerem uma declaração da Presidência do Conselho pedindo “moderação e proteção de civis”, de pouco efeito prático.
22 de junho de 2025, 15h00 (Londres) – O primeiro-ministro britânico Keir Starmer comparece ao Parlamento para explicar a posição do Reino Unido. Starmer revela que foi informado antecipadamente pelos EUA sobre o ataque, mas que o Reino Unido não participou nem logisticamente. Ele expressa apoio cauteloso: “Não podemos permitir um Irã nuclear”, mas também “apelamos por urgente solução diplomática”. Membros do parlamento dividem-se – a oposição questiona a legalidade internacional do ataque sem mandato da ONU, enquanto outros apoiam a postura de firmeza contra o Irã.
22 de junho de 2025, 18h00 (Teerã) – Em Teerã e outras cidades iranianas, milhares de pessoas participam de manifestações organizadas pelo regime. Os manifestantes carregam cartazes com slogans “Morte à América” e “Morte a Israel”, e queimam bandeiras americanas. O governo iraniano procura capitalizar o sentimento nacionalista; alto-falantes nas ruas tocam músicas patrióticas. Não há relatos de protestos anti-regime neste dia – a população parece cerrar fileiras contra a ameaça externa. Analistas ponderam, no entanto, que “a união pode ser temporária” e que, se a guerra se prolongar ou as condições de vida se deteriorarem, o descontentamento interno pode ressurgir.
22 de junho de 2025, 22h00 (Washington D.C.) – O presidente Trump faz um pronunciamento televisionado em horário nobre, direto do Salão Oval. Ele confirma que “todos os aviões retornaram em segurança” e declara que a operação foi um sucesso completo, afirmando que “devastamos o programa nuclear ilegal do Irã”. Trump dirige palavras ao povo e líderes iranianos: “Agora é a hora da paz”, oferecendo ao Irã a chance de rendição incondicional e negociação de paz. No entanto, ele adverte: “Se a paz não vier rápido, nós vamos continuar atacando com precisão e habilidade”, reiterando a ameaça de força esmagadora. Trump também envia recados à comunidade internacional – critica a ONU por “não deter o Irã” e agradece aliados como Israel e Reino Unido pelo apoio. Ao Congresso americano, defende a legalidade da ação citando autodefesa preventiva e promessas de campanha de proteger os EUA e Israel. O discurso é recebido com preocupação pelos aliados europeus (que temem que a retórica dificulte mediação) e com fúria em Teerã, onde foi retransmitido com tradução farsi e condenado na mídia local.
23 de junho de 2025 (próximos dias – previsão) – [Futuros eventos potenciais segundo analistas] A situação permanece tensa e fluida. Espera-se que, nos próximos dias, novos capítulos ocorram: o Irã pode voltar a lançar mísseis contra Israel ou até mirar bases americanas na região caso não haja contenção, arriscando uma resposta militar direta dos EUA. Por outro lado, diplomatas europeus e países neutros intensificarão esforços de bastidores para intermediar um cessar-fogo antes que a guerra se amplie. A economia global reage: na abertura dos mercados na segunda-feira (23), os preços do petróleo provavelmente dispararão, testando a reação de grandes potências consumidoras. O Conselho de Segurança da ONU deverá reunir-se novamente se houver alguma deterioração significativa (como uso de armas químicas ou ataque a instalações civis maciças). Enquanto isso, agências de inteligência monitoram se o Irã movimenta materiais nucleares restantes para locais secretos ou se acelera seus projetos militares como retaliação silenciosa. A dinâmica do conflito nos próximos dias será decisiva para determinar se estamos diante de um confronto breve, porém controlado, ou se à beira de uma guerra regional de grandes proporções – cujo impacto seria sentido muito além do Oriente Médio, redefinindo a geopolítica mundial nas semanas e meses vindouros.